terça-feira, 2 de novembro de 2010


Certa tarde falaram-me para-me calar
pela noite falei            -
ouviram-me
a dor encontrou meu corpo...
Mandaram-me não gemer            - berrei
desamarraram-me as mãos
silentes num aplauso oco
que faziam cair os dedos
um a um a minha frente;
os dedos não choravam mais...
Olhavam a tudo
e, então, cegaram meus olhos;
ingeri forçosamente soda cáustica
e o silêncio negado era corroído...
Falei novamente e deceparam minha língua
ainda assim, sorri...
Viram meus dentes
fizeram-os despencar nos colares dos bárbaros.

Proibiram-me de andar
forcei dois passos
quebraram-me as pernas.
Caí sobre os joelhos e depois
a leste do corpo e do espaço...
Permaneci até que a alma revivesse
até que as mãos e os dedos
corressem aos punhos, e o sangue movimentasse a fonte
até que um escuro clareasse os caminhos
até que meu estômago, meu fígado, meu esôfago, meu intestino, meu coração
se reanimassem

até ontem, quando me fiz esquecimnto e vermes.

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